segunda-feira, 19 de março de 2012

Ilha de Bom Jesus: um distrito cinza "prá" chamar de Verde? - Parte I

De repente, não mais do que de repente, o que era uma ilha bucólica da cidade do Rio, preservada sob a tutela do Exército há mais de cem anos, entra nos planos de ocupação de um grupo de pessoas que, com o apoio dos governos da cidade e do Estado, tem planos de ocupação por grandes empresas.

Talvez, para disfarçar uma ocupação industrial (tecnológica) de uma gleba de terras públicas de 240 mil metros quadrados numa ponta da Ilha do Fundão, sem qualquer planejamento, denominem essa ocupação de "Distrito Verde".

Verde por quê?  Por que as megaconstruções programadas para lá, que ninguém ainda viu, deverão ser feitas com um telhadinho verde aqui e ali?  De que vale isso, se todo o resto está irregular?

Como chamariz está o discurso de sempre: a cidade do Rio precisa ser a isca na captura de interesses de indústrias tecnológicas.  É por isso que o governo do cidade, e do estado concederão a multinacionais, gratuitamente, por 50 anos + 50, enormes glebas de terras públicas, além de incentivos fiscais, para ali se instalarem sem qualquer planejamento urbanístico do local.

O planejamento urbanístico é a base da sustentabilidade verde.  Como poderá um distrito tecnológico se chamar de "verde" sem ao menos ter sido, previamente, planejado adequadamente? E isso acontece nas barbas da UFRJ, onde se ensina planejamento para o Brasil!

Ora, o distrito, chamado de "verde", fez a divisão de glebas de forma totalmente irregular, sem qualquer observância da lei 6766/79: sem reserva de áreas verdes, sem reserva de área para infraestrutura e serviços, sem previsão de áreas públicas, sem relatório de mobilidade, sem relatório ambiental, sem relatório de impacto de vizinhança.

Veja, amanhã, como a instalação de parques tecnológicos acontece em São Paulo.

Confira, abaixo, a entrevista sobre o Distrito Verde, da qual participei:

Um comentário:

XSalvaterra disse...

Fui morador do Bom Jesus entre os anos de 1971 e 74, quando construíamos a Ponte, em uma área cedida pelo exército para ocupação provisória pelos engenheiros da obra. Aquilo era um paraíso, com suas antiquíssimas frutíferas que diziam ser do tempo em que aquilo era chácara do Marquês de Herval, a quem o Exército de algum modo sucedeu na propriedade e todos pensávamos fosse área de preservação ambiental. Não posso entender como pretendem transformar em área industrial privada...
Eng. Civil Manuel Castelar Jamardo Salvaterra, CREA 3846 manuelsalvaterra@gmail.com